quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Cabala


A cosmologia cabalística ensina que no princípio do mundo era o nada, apenas um ponto de energia infinita o EIN SOF (Deus primordial do cabalista), o imanifesto, o incompreensível, o indescritível.

Em um dado momento, numa seqüência complicada de eventos, o EIN SOF decidiu manifestar-se em dez emanações que seriam preservadas em receptáculos especiais e contraiu-se ao máximo para o seu centro, no seu campo de energia, e essa contração criou um vácuo (tzimtzum) e nesse espaço contraído EIN SOF colocou um raio de luz para que houvesse luz nas trevas. Depois desta, deram-se mais nove contrações, de cada uma delas emanando um divino receptáculo contendo uma parcela da luz original do EIN SOF. E desta explosão de luz emanou a Criação, segundo o rabino místico do século XVI, Isaac Luria. Diz a tradição cabalística que quando a luz encheu os dez receptáculos, muita luz se perdeu, e a tarefa de todo ser humano é juntar essas centelhas caídas.

Essa é a versão de Luria para a moderna teoria do Big Bang. Antes de Luria e seu conceito da contração, os antigos cabalistas, acreditavam na Criação, como um ato de expansão.

A tradição mística nos dá a idade do universo. De acordo com o Rabino Isaac de Acco, a Criação se deu a mais de quinze bilhões de anos. Os cientistas, apesar de estarem ainda conferindo seus cálculos, recentemente chegaram à mesma conclusão, de que o universo tem entre nove e dezesseis bilhões de anos.

A Cabala tem linguagem simbólica, alguns cabalistas concluíram que a palavra Sefirot vem do hebreu sappir (safira), luzes brilhantes.

Outros dizem que vem de saper (falar), Deus nos falando, expressando seus diversos aspectos através do Sefirot.

O conceito do EIN SOF e do Sefirot é a base para a compreensão da Cabala. As dez emanações em seu conjunto tem o nome de Sefirot, e cada uma delas é chamada Sefirah e constituem a Árvore da Vida. Portanto, a Árvore ou Sefirot, em cada uma das dez Sefirah revela qualidades e poderes do Ein Sof através das emanações de seus raios. As dez emanações Sefirah são os receptáculos que receberam a luz de Ein Sof em sucessivos e descendentes graus, e assim por extensão e delimitação, criou-se o Sefirot.

A primeira Sefirah é Keter (Coroa). Depois de Keter, emanou Hokmah (Sabedoria), que tem uma vibração mais baixa que a de Keter e assim por diante. A terceira é Binah (Compreensão), Hesed (Amor ) Gevurah (Justiça, Julgamento), Tiferet (Beleza, Compaixão), Netzah (Vitória), Hod (Explendor, Magestade), Yesod (Fundação) e Malkhut, conhecida também como Shekinah (Reino). Através delas, fluem as forças divinas, elas são canais por onde energias e qualidades divinas descem para sustentar e alimentar o mundo. Cada Sefirah recebe e distribui uma parcela de alguns aspectos de Deus.

Os antigos cabalistas as agruparam de modo que podemos estudá-las pelos seus aspectos e qualidades em três colunas ou Pilares na Árvore da Vida.

Na coluna da direita da Árvore estão Hokhmah, Hesed e Netzah. Este é o lado da polaridade positiva, masculina. A coluna da esquerda compõe-se de Binah, Gevurah e Hod, são o lado da polaridade feminina e negativa. A coluna central tem Keter no alto, Tiferet no centro, depois Yesod e na extremidade inferior, Malkhut. O da direita é o Pilar da Misericórdia e incorpora as forças em expansão. O Pilar da esquerda é o Pilar do Julgamento ou Severidade e incorpora as forças de restrição. Esses dois Pilares são equilibrados pelo Pilar Central, que é o da Compaixão.

Outro agrupamento do Sefirot na Árvore da Vida é das tríades, cada uma delas incorporando um atributo divino. A tríade superior é representada por Keter, Hokhmah e Binah, representam o reino do intelecto, tem uma vibração mais intensa que as inferiores. A segunda tríade compõe-se de: Hesed, Gevurah e Tiferet e representa o reino da alma. A terceira tríade é composta por Netzah, Hod e Yesod e representa o reino da natureza.

Segundo a Cabala nós somos uma réplica da Árvore da Vida, e encarnamos as qualidades dos Sefirot, e quando ativamos essas qualidades em nós, estamos ascendendo na Árvore da Vida. Nossa subida na Árvore da Vida deve começar de baixo, através de Malkhut. Os métodos utilizados são: meditação, oração, mantras com repetição do nome de Deus. Para que ocorra um equilíbrio e para que a energia flua de Ein Sof (Deus primordial do cabalista) para o nosso mundo, é aconselhável realizar esses métodos pronunciando os nomes divinos de todas as sefirah.

O nome de Deus associado a sefirah Malkhut é Adonai.
O nome de Deus associado a sefirah Yesod é El Hai.
O nome de Deus associado a sefirah Hod é Elohim Tzevaot.
O nome de Deus associado a sefirah Netzah é Adonai Tzevaot.
O nome de Deus associado a sefirah Tiferet é Adonai.
O nome de Deus associado a sefirah Gevurah é Elohim.
O nome de Deus associado a sefirah Hesed é El.
O nome de Deus associado a sefirah Binah é Adonai.
O nome de Deus associado a sefirah Hokhmah é Yah.
O nome de Deus associado a sefirah Keter é EHYEH ASHER EHYEH.

Uma linda oração ensinada pelo rabino do século XVI, Joseph Tzayach.

Ehyeh Asher Ehyeh, Coroe-me (Keter)
Yah, conceda-me sabedoria (Hokhmah)
Elohim Haim, conceda-me compreensão (Binah) El, com a mão direita do seu amor, engrandeça-me (Hesed).
Elohim, do terror de seu julgamento, proteja-me (Gevurah).
Adonai, com sua misericórdia, conceda-me beleza (Tiferet).
Adonai Tzevaot, guarde-me para sempre (Netzah).
Elohim Tzevaot, conceda-me a beatitude do seu Esplendor (Hod).
El Hai, pactue com minha fundação (Yesod)
Adonai, abre meus lábios para que minha boca possa fazer uma prece (Malkhut).

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