sábado, 11 de setembro de 2010

Rosh Hashaná


Quando anoiteceu nesta quarta-feira (08/09), a comunidade judaica em todo o mundo celebrou a chegada do ano 5771, a festa de Rosh Hashaná ('cabeça do ano'). "Ano novo, vida nova", diz o dito popular. E no caso judaico trata-se literal e realmente de um momento de profunda renovação. Vejamos como é isto:

Além da alegria característica de toda celebração da chegada de um novo ano, a religião e a cultura judaicas reservam para esta data um momento especial que inverte o estilo expansivo do Réveillon. Do primeiro dia do ano até o 10º dia, quando ocorre nova celebração, o Iom Kipur (Dia do Perdão, um dia de Jejum coletivo), os judeus vivem os chamados Dias Temíveis. Por quê?

A fé judaica implica na crença de que termos, ou não, mais um ano de vida dependerá do que ocorrer durante os Dias Temíveis. Há um Livro Celeste, o Livro da Vida, e nosso nome poderá ou não estar inscrito neste Livro. Para que isto ocorra devemos refletir nestes 10 dias sobre o que realizamos no que se encerra. Como nos pergunta John Lennon em sua cantiga de ano novo, "o que realizamos no ano que se encerra"? Um balanço de ações, onde os judeus procuram avaliar suas ações e buscar caminhos para realizar muito mais no ano que se inicia.

Esta reflexão irá influenciar o movimento dos Nomes para dentro ou para fora do Livro da Vida! Assim a saudação durante este período entre judeus não é apenas "feliz ano novo", mas "feliz ano novo, e que tenhamos nosso nome inscrito no Livro da Vida". É evidente que parte das ações que realizamos e que realizaremos são justamente focadas na própria preservação da vida. A continuidade da vida depende do julgamento do Criador. Mas são nossas ações, mais que nossas rezas, que são determinantes nestes julgamentos. Tudo isso dá a este período do ano um clima especialíssimo de introspecção, reflexão, balanço e planejamento.

A sabedoria acumulada em tantos milênios (afinal contam a sua história há 5771 anos) ensina que o balanço dos Dias Temíveis envolve todas as esferas de nossa existência. Devemos refletir sobre nossa vida familiar, comunitária e profissional. Nada do que fazemos deve ficar de fora do balanço que realizamos nestes dias. Assim, com este significado tão profundo para o Ano Novo, a comunidade judaica realiza individual e coletivamente seu balanço anual que é, sem dúvida, uma tradição que decisivamente contribui para nossa sobrevivência ao longo de tanto tempo. Buscar detalhadamente o que fazer para melhorar a condição individual, comunitária e da humanidade como um todo tem sido talvez o segredo mais profundo da fé judaica.

Que sejamos todos, pessoas de fé e de boas ações, inscritos no Livro da Vida!

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