A liderança é um tema bastante discutido
em livros sobre Gestão de Pessoas, RH, treinamentos, etc.
Existe uma variedade de “receitas” para a formação de um bom líder, aceitando a
idéia de que os líderes não são natos, mas criados de acordo com a necessidade.
Para Iain Maitland, um bom líder é aquele que “motiva e coordena sua equipe
aplicando de forma eficaz suas habilidades individuais e grupais, seus
conhecimentos e suas experiências de modo a alcançar as metas”. (MAITLAND,
2000, p.14)
Em sua obra Como Motivar
Pessoas, Maitland sugere que o líder deve ter em mente quais são as metas,
verificando se elas estão dentro da realidade da equipe. O líder deve ter
capacidade para planejar os detalhes para que a ação dos seus liderados
realmente ocorra. (MAITLAND, 2000). Para Heifetz (1994 apud BERGAMINI e
TASSINARI, 2008, p.77), “o líder goza de maior influência junto ao seguidor
na medida em que consiga ajustar-se às expectativas dos seguidores”.
O mercado oscilante e globalizado faz com que as organizações procurem uma
maneira de se adaptar com a máxima velocidade. No entanto, esta urgência onde
tudo é “para ontem” não propicia espaço para diálogo ou organização.
[...] percebe-se que grande parte das empresas está desorganizada
no que se refere ao aspecto comportamental, embora continuem funcionando e
dando até bons resultados produtivos e financeiros. (BERGAMINI e TASSINARI,
2008, p.59)
Liderar é envolver, é fazer com que o a equipe se comprometa. Mas o envolvimento não é tão simples de ser alcançado e muitas empresas ainda utilizam de recursos ultrapassados, como aponta Dutra:
A obtenção desse envolvimento e comprometimento não se dá com um
discurso bonito e bem preparado sobre os objetivos sociais ou sobre a
importância da empresa, nem se dá com a cooptação das pessoas com salários,
benefícios ou facilidades, mas pelo atendimento concreto de suas expectativas e
necessidades no tempo. Ou seja, caso a pessoa não verifique vantagens concretas
para si própria na relação com a empresa no presente e no futuro, ela
dificilmente irá comprometer-se. (DUTRA, 2006, p.25)
O compromisso apenas em motivar o trabalhador com ganhos para sua subsistência
(aumento de salário, cestas básicas, etc.) é um resquício da Administração
Científica, que tinha como principais expoentes Taylor e Ford. Para este
modelo, o homem era considerado um ser “eminentemente racional e que, ao
tomar uma decisão, conhece todos os cursos de ação disponíveis, bem como as
conseqüências da opção por qualquer um deles [...]” (MOTTA apud
DUTRA,2006, pg.28). Este modelo começou a gerar sérios problemas, pois a produção
nos padrões estabelecidos pela empresa era a prioridade, em detrimento da saúde
e qualidade de vida dos funcionários. Atitudes foram tomadas no sentido de
suprir a questão da saúde física, como a regularização das condições de
higiene.
O indivíduo adoeceria se o organismo ficasse exposto a
determinados agentes físicos. A legislação trabalhista de vários países, a
brasileira entre elas, reconhece a relação de
causa e efeito de vários agentes
físicos, químicos e biológicos na produção das doenças ditas ‘ocupacionais’.
Bem menos tranqüila é a aceitação, mesmo em países economicamente mais
avançados, do fato de ser o trabalho enquanto forma de organização, e muito
menos em razão de sua própria natureza, fator morbigênico em si, em que pese o crescente
número de evidências (PITTA apud RODRIGUES e GASPARINI, 1992, p.93)
Trabalhar não é um castigo, uma “cruz” a ser carregada. Para Codo (2004 apud
BERGAMINI e TASSINARI, 2008, p.78) “o sofrimento considerado inerente ao
processo de trabalho e assim impossível de ser eliminado, não é necessariamente
patogênico”. O sofrimento pode aparecer quando o indivíduo se sente
acuado, sem possibilidade concreta de existir como pessoa, e não como
engrenagem na grande máquina.
Transformar o sofrimento natural em atitudes pautadas pela
criatividade está nas mãos dos líderes; essa ação só logrará êxito quando
conseguirem salvaguardar a identidade do seguidor por meio de ações capazes de
modificar o destino do sofrimento existente, transformando-o em oportunidade
criativa, para benefício da identidade do próprio seguidor. Trata-se de
construir um novo ambiente, no qual a sinergia das defesas pessoais seja
transformada em realidade produtiva e palpável. (BERGAMI e TASSINARI, 2008,
p.59).
Mas o seu poder depende da habilidade, da competência de fazer os outros serem
e sentirem-se poderosos. Alguém conhece um líder assim? Eu tive o prazer de
conhecer alguns, mas também a infelicidade de me deparar com outros tantos que são
completamente opostos ao modelo do líder “regente”.
As preocupações do mercado hoje não são as
mesmas do final do século XIX e metade do século XX. O uso da tecnologia
enxugou quadros de efetivos, acelerou transações, dinamizou os negócios. Mas o
lidar com o fator humano ainda é uma batalha que nunca poderá ser considerada
vencida por empresários e seus gestores. É isso !!!!
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