sexta-feira, 2 de abril de 2010

O Centenário de Chico Xavier


O Centenário de Chico Xavier


Hoje, se fosse vivo, o médium Chico Xavier completaria cem anos. Mas é impossível escrever sobre Chico Xavier considerando a sua morte e todas as outras mortes como algo definitivo, como se a vida não continuasse pulsando nele e em todos que morrem.
A extraordinária figura humana chamada Chico Xavier, independente da crença que se tenha, nos faz transcender conceitos enraizados, que trazemos desde que nascemos, e abrir espaço para perguntas, para questionamentos existenciais que vão além da lógica e da razão convencionais. O que é a razão? Como limitá-la se ela a cada momento nos aponta para novos caminhos e possibilidades?
Assisti há pouco no Youtube à entrevista do Chico Xavier no Programa “Pinga-Fogo”, da Rede Tupi, apresentado em 1971, e mais uma vez fiquei impressionado com a inteligência, simplicidade e o senso de humor desse homem de pouco estudo, mas com uma capacidade incrível de nos tocar em vários aspectos.
O teatro lotado mostra centenas de pessoas vivendo uma emoção inenarrável naquelas quase três horas em que Chico esteve presente, respondendo a perguntas de escritores, jornalistas e do público, com serenidade e delicadeza.
As psicografias de Chico Xavier, de poetas famosos, como Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, publicadas no livro “Parnaso de Além-Túmulo”, dentre 56 poetas, foram analisadas pelo professor Alexandre Caroli Rocha, em sua tese de mestrado em Teoria Literária da Unicamp, que concluiu que os poemas psicografados por Chico não “seriam produto de uma mera imitação literária.” Há semelhanças marcantes entre os poemas do livro e o estilo desses autores.
Na tese de doutorado, apresentada anos depois na Unicamp, Alexandre Caroli Rocha enfocou as psicografias de Chico Xavier do poeta Humberto de Campos, com toda a polêmica gerada com a família do poeta na época em que os textos foram publicados.
Quase oito anos após a sua morte, Chico Xavier ainda suscita discussões polêmicas, e nos coloca diante de novos mistérios. Vários espíritas, em regiões diferentes do país, afirmam já terem recebido mensagens de Chico, o que é negado pelo seu filho adotivo e por um médium que o acompanhou durante muitos anos. Ambos dizem que Chico teria passado a eles uma senha, um código para que identificassem as suas mensagens.
Talvez a grande mensagem que Chico nos passe, no dia do seu centenário, e também quando estréia o filme sobre a sua vida, dirigido por Daniel Filho, é que a nossa existência tem algo de insondável, de misterioso, e que não devemos nos colocar como senhores de verdades inquestionáveis. Chico nutria respeito por todas as religiões, sem abrir mão da sua crença em Deus, afirmando de forma convincente o seu contato com os espíritos e a beleza e a perfeição do universo.

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