sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Fé e cura


Será que existe de fato uma fisiologia do otimismo, da paz, do amor e da alegria?

Das milhares de pessoas que se recuperaram de doenças “incuráveis”, mais de 90% delas fala de uma mudança existencial, de uma mudança significativa em suas vidas antes da cura. Dizem ainda que, pela primeira vez, sentem-se realmente vivas. Não vêem sua doença como um castigo, mas como um novo começo. O estudo da vida dessas pessoas que chegaram à cura auto-induzida é um passo importante da tentativa, primeiro de verificar, e depois de identificar as conexões entre mente e corpo. 

Os terapeutas têm uma percepção muito maior dessas conexões do que os médicos. Os clínicos raramente conseguem ver as conexões pois, ao contrário do velho médico da família, não conhecem a vida de seus pacientes e não acham esse conhecimento relevante. Precisamos conhecer aqueles de quem cuidamos, como faziam os médicos das gerações anteriores. Devemos conhecer a pessoa, assim como a doença, e ter um interesse especial pelos que se curaram apesar de tudo. Não é apenas gente de sorte. Esforçaram-se para recuperar a saúde e temos muito a aprender com elas. 

Quando há muita fé no valor de uma terapia, o poder da sugestão pode atuar, causando uma mudança fundamental no ambiente interno do corpo. Os sentimentos são químicos, e tanto podem matar como curar. Quanto mais descobrimos histórias sobre a unidade mente/corpo, tanto mais difícil se torna considerá-las em separado. O que está em sua mente está, literal ou “anatomicamente”, em seu corpo. 

A ligação é feita pelas moléculas de peptídios, fabricadas pelo cérebro, e pelo sistema imunológico. Existem aproximadamente 60 tipos de moléculas de peptídios no corpo, inclusive algumas cujos nomes podem ser familiares para você, como endorfinas, interleucinas e interferon. Elas transformam os sentimentos em química e fazem a ligação entre psique e soma. 

Atualmente, considera-se que as endorfinas, por exemplo, podem explicar o efeito placebo. Parece que a redução ou desaparecimento da dor relatados em tantos estudos podem ser explicados fisiologicamente pelo fato de as expectativas psicológicas positivas criadas pela administração do placebo levarem a um aumento da produção de endorfinas, que são analgésicas. Assim, o controle da dor está de fato “na mente”, porque é aqui que as endorfinas se encontram.

Paz de Espírito: comunicando-se com o Sistema de Cura

Não devemos falar de um sistema nervoso central, de um sistema endócrino e de um sistema imunológico, e sim de um sistema de cura que constitui uma espécie de superinteligência em nós. Assim como este sistema de cura pode ser ativado por crenças positivas, as crenças autodestrutivas ou os padrões emocionais repressivos podem fazer o contrário. 

Existem muitas formas de obter paz de espírito. Entre elas estão a sugestão hipnótica, técnicas de relaxamento, terapia floral, visualização, ioga e outros métodos de alteração da consciência. A eficácia desses métodos pode ser medida experimentalmente — as pessoas melhoram de fato quando os utilizam. Com os sofisticados instrumentos recém-criados na biologia molecular, alguns efeitos já podem ser medidos até em nível celular. 

Embora o mecanismo exato da resposta de cura ainda esteja por ser elucidado, todas essas técnicas funcionam no sentido de criar a comunicação de uma unidade corpo/mente. Assim, o que normalmente consideramos funções corporais autômatas estão sob o controle de nossa mente. 

Você pode usar técnicas de relaxamento para reduzir a pressão sanguínea, por exemplo, para diminuir o ritmo da respiração e das batidas cardíacas e amenizar a tensão muscular. Muitos estudos mostram que o relaxamento e técnicas afins podem ser úteis no combate aos efeitos negativos do estresse prolongado sobre os componentes do sistema imunológico. Um sistema imunológico desregulado pode afetar tudo, desde sua suscetibilidade a resfriados até sua capacidade de eliminar células cancerosas ou vírus da Aids, e também pode ser um fator da asma, das alergias, do diabetes, da esclerose múltipla, da artrite reumatóide, do lúpus e de outros distúrbios imunológicos onde o corpo ataca a si mesmo.

O relaxamento é tão naturalmente reconhecido como método eficaz que agora alguns hospitais já transmitem programas de relaxamento por meio do circuito fechado de televisão para o quarto dos pacientes. A lista de doenças alteradas positivamente pelo relaxamento encheria uma página inteira.

A psicoterapia, a cromoterapia e tantas outras técnicas que fazem emergir material emocional reprimido para a consciência também podem curar, tanto no plano psicológico quanto físico, ajudando-nos a adquirir paz de espírito. 

O que reitero muitas e muitas vezes é que, embora não haja dúvida de que o meio ambiente e os genes representam um papel significativo em nossa vulnerabilidade ao câncer e a outras doenças, o ambiente emocional que criamos em nosso corpo pode ativar mecanismos de destruição ou de recuperação.

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