sexta-feira, 11 de maio de 2012

Quero fazer uma homenagem ao meu companheirinho Frederico
Meu papagaio...
falecido em 07 de maio de 2012 as 10:10 h


Possuir animais de estimação é uma atividade muito comum entre os humanos, e as pessoas dedicam muita afeição e dinheiro a eles. Vários exemplos como oferecer recompensas quando eles são perdidos, pagar por cuidados médicos, comprar-lhe presentes, alimentá-los e até mesmo disputar sua guarda judicialmente mostram a importância do apego emocional dos donos com seus animais de estimação (Archer, 1996).
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Há poucos estudos sobre a relação humanos e animais de estimação em termos de apego, um conceito elaborado por Bowlby e usualmente aplicado para relações próximas entre membros da mesma espécie, incluindo humanos. O apego remete à formação do vínculo com as pessoas e às características das interações sociais vivenciadas entre elas.
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Katcher e colaboradores (1983, citado em Archer, 1996) construíram um questionário contendo sentenças que indicavam um possível apego com um cachorro de estimação, como, por exemplo, carregar a fotografia do cachorro, deixá-lo dormir em sua cama, freqüentemente falar e interagir com ele, e defini-lo como um membro da família. Os dados indicaram altos níveis de apego entre donos e seus cachorros. Quase a metade definia seu cachorro como um membro da família, 67% carregava uma fotografia dele em sua carteira, 73% deixava eles dormirem em sua cama e 40% comemorava o aniversário do cachorro. As mulheres apresentaram um apego mais forte com seus animais do que os homens.
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Um outro estudo mais elaborado, feito por Archer e colaboradores (citado em Archer, 1996), também mostrou forte apego por parte de muitos donos, com uma considerável proporção endossando itens tais como ver o animal como uma importante parte de suas vidas e como aquele que promove um senso de conforto.
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Estudos sobre as reações à perda de um animal de estimação mostram como é forte o apego desenvolvido. Usando o modelo da teoria de apego (Bowlby, 1969, 1973, citado em Archer, 1996), Parkes (1986, citado em Archer, 1996) se referiu ao pesar de perder um animal de estimação como o custo de perder uma pessoa amada. O processo de luto envolve angústia e pensamentos e sentimentos que acompanham o lento processo mental de se despedir de uma relação estabelecida. Evidências sistemáticas indicam que há claros paralelos entre as variadas reações que as pessoas apresentam seguidamente à perda de um animal de estimação àquelas sentidas por uma perda de um relacionamento entre humanos (Archer, 1996). Várias investigações específicas de luto seguido à perda de um animal de estimação têm sido feitas.Há estudos que tendem para uma descrição mais qualitativa, mostrando paralelos entre o luto seguido da morte de um humano e da morte de um animal de estimação. Stewart (1983, citado por Archer, 1996) relatou que uma minoria de sua amostra (18%) ficou tão perturbada que foi incapaz de continuar com sua rotina normal, e um terço descreveu si mesmos como muito angustiados. Dunn e colaboradores (1992, citado por Archer, 1996) estudaram uma amostra de aproximadamente 1.000 donos de animais de estimação aflitos nos Estados Unidos e encontrou que o luto foi breve, porém intenso. Tristeza ainda era aparente em metade da amostra um mês após a perda, e choro e culpa em aproximadamente um quarto.
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Archer e Winchester (1994, citado em Archer, 1996) incorporaram aspectos da reação de luto conhecidas de estudos de luto por perdas humanas (Parker, 1986, citado em Archer 1996) em um questionário de 40 itens, que foi completado por 88 britânicos que haviam perdido um animal de estimação no ano antecedente. Muitos itens foram endossados pela maioria da amostra: por exemplo, 74% disseram que seus pensamentos voltavam e voltavam para a perda do animal de estimação, e 60% disseram que se sentiram atraídos por animais que lembravam o animal perdido. Contudo, comparado com o que podemos esperar no caso de aflição humana, havia uma proporção menor de pessoas que se sentiram depressivas ou ansiosas ou nervosas como um resultado da perda.
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Similarmente, em uma pesquisa com grande amostra de casais de meia idade nos Estados Unidos, Gage e Holcomb (1991, citado por Archer, 1996) encontraram que a morte de um animal de estimação é percebida como menos estressante que a morte de um parente ou amigo próximos. Em outra amostra grande, com pessoas idosas nos Estados Unidos, Rajaram e colaboradores (1993, citado por Archer, 1996) encontraram que a morte de um animal de estimação foi associada com índices de depressão bem menores do que nos casos de morte de uma pessoa significativa, como o cônjuge.
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Em contraste, dois outros estudos nos Estados Unidos que usaram uma versão adaptada das escalas usadas para verificar o luto humano (The Grief Experience Inventory [GEI]; Sanders et al, 1985; citado em Archer, 1996) encontraram que os níveis seguidos da perda do animal de estimação são comparáveis àqueles encontrados após a perda de um ser humano amado. Drake-Hurst (1991, citado por Archer, 1996) comparou as respostas de luto de pessoas que haviam perdido um animal de estimação com aquelas que haviam perdido um cônjuge e não encontraram diferenças significativas em 9 de 12 escalas GEI. Gerwolls e Labott (1994, citado por Archer, 1996) fizeram um estudo longitudinal do luto seguido à perda do animal de estimação e encontraram valores comparáveis com figuras de modelos de perda de um dos pais, do filho ou cônjuge (Sanders et al, 1985, citado por Archer, 1996).
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Archer e Winchester (1994, citado por Archer, 1996) projetaram uma avaliação grosseira do apego emocional com seus animais de estimação e encontraram paralelo com o escore total de luto obtido de um questionário. Outros estudos (Gerwolls e Labott, 1994; Gosse, 1989; Gosse e Barnes, 1994, citado em Archer, 1996) também encontraram a avaliação da intensidade do apego com o primeiro animal de estimação como preditora de medidas de intensidade de luto. Esses achados dão apoio à posição geral de Parker de que a intensidade do luto indica a intensidade do apego - em outras palavras, o custo do relacionamento.
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Essas são evidências de várias fontes de que o apego com animais de estimação pode ser intenso, e quebrar esse laço pode, em vários casos, induzir a uma reação de luto de severidade comparada à perda de uma relação humana próxima (Archer, 1996). Apesar de o luto seguido à perda de um animal de estimação ser comumente severo, Baydak (2000) considera que ele não é largamente reconhecido em nossa sociedade. Ele seria um luto não-autorizado, entendido como o luto que uma pessoa vive quando tem uma perda que não pode ser abertamente reconhecida, chorada publicamente, ou socialmente apoiada.
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Para Baydak, quando a perda está de acordo com as normas sociais, o luto individual é suportado pela rede social, o que facilita tanto o processo de luto quanto a coesão social. Quando isso não acontece, e a sociedade não reconhece e nem legitima o luto, as reações de estresse podem ser intensificadas, e os problemas relacionados ao luto podem ser exacerbados. Em caso de animais de estimação, normalmente frases como “Era só um cachorro...” mostram esse não reconhecimento. A morte do animal é tratada como um acontecimento trivial e de pouca importância.
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Baydak fala também que além do luto social não-autorizado existe o luto intrapsíquico não-autorizado. Nós internalizamos crenças, valores e expectativas sociais. Está implícito no comentário “Era só um cachorro...” que os animais não são dignos de luto e a noção de que há algo inerentemente errado com alguém que entra em processo de luto após a morte de um animal. Assim, quando um animal de estimação morre, muitos donos estão totalmente despreparados para a intensidade de seu luto, e ficam embaraçados e com vergonha dele. A sociedade tende a dar mais suporte à criança que perde um animal de estimação do que a um adulto.
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Até agora se falou em luto de adultos, mas e as crianças? Corr (2003) estudou livros infantis que contam histórias de morte de animais de estimação. Sua atenção foi para como é tratado esse tema nesses livros. Ele diz que os animais de estimação são importantes para as crianças por muitas razões: eles servem como amigos, companheiros de brincadeiras, e fonte de amor incondicional. Além disso, os animais de estimação ajudam a ensinar às crianças sobre as responsabilidades que estão envolvidas em cuidar de uma outra criatura viva. E também, por causa do ciclo de vida mais curto deles, os animais de estimação podem ensinar às crianças importantes lições sobre perda, morte e luto.
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Corr achou, nos livros infantis que pesquisou, que a relação entre uma criança e seu animal de estimação é tratada como algo muito importante, e a perda do animal é um evento muito significativo. Os livros costumam também passar a idéia de que é importante a criança viver a experiência e expressar o luto, e que rituais podem ajudar a comemorar a vida do animal que já foi perdido. Outras questões comumente tratadas nos livros são o tipo de morte do animal (natural, por eutanásia ou acidental), se é ou não desejável adquirir outro animal logo após a perda de um, e questões envolvendo a reflexão do que é a vida e do que é a morte.
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Kaufman & Kaufman (2006) consideram que o luto infantil normalmente inclui conseqüências imediatas e no longo prazo, tais quais depressão, ansiedade, retraimento social, distúrbios comportamentais e queda no rendimento escolar. A perda do animal de estimação não é menos importante, porque freqüentemente ele é considerado pela criança como membro da família. Para eles, a sociedade não reconhece sempre o significado do luto do animal de estimação para a criança - assim como já falamos em relação ao adulto - o que pode resultar em um luto não resolvido. Esses autores enfatizam que os pais precisam não considerar a morte do animal de estimação como algo trivial. Os pais devem apreciar o papel que o animal tem na vida da criança e assistir às crianças em variadas formas de expressão de sua dor, seja verbalmente, artisticamente (através de desenhos, por exemplo) ou na escrita.

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