sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Para pensar um pouco.

Racionalmente todos nós vamos dizer que desejamos nos livrar de qualquer tipo de sofrimento. Entretanto, criamos uma identificação com os sentimentos negativos guardados, e eles acabam se somando ao nosso senso de identidade, fortalecendo o ego que é o falso eu interior que carregamos.

O ego nos manipula para sobreviver e crescer, e nós, de forma inconsciente, protegemos, defendemos e arranjamos desculpas para manter a negatividade interior que nos faz sofrer.

Vários sentimentos negativos da infância brotam. Devemos trabalhar acessando e dissolvendo cada um deles. E um mecanismo de auto proteção do sofrimento brota. O sofrimento que nós guardamos deseja sobreviver e crescer. E essa energia dentro de nós tem uma inteligência própria, é astuta, e acaba nos enganando, tomando conta dos nossos pensamentos e falando por nós. E nós, se não estivermos bastante atentos iremos cair inconscientemente nos processos sabotadores de perpetuação do sofrimento. Acabamos por acreditar nos pensamentos negativos e damos razão a eles e os fortalecemos. É assim que o ego se mantém vivo e guia a nossa vida trazendo muitos problemas.

Todas as vezes que afirmamos que ainda não estamos prontos para mudar, inconscientemente estaremos dizendo “ainda não sofri o suficiente para mudar”. É a manifestação do ego nos manipulando. Ele precisa da nossa inconsciência, ou seja nossa falta de percepção para poder prosperar. No momento que trazemos para a luz da consciência seus mecanismos sabotadores ocultos percebemos a sua insanidade e podemos então nos libertar, já que será difícil alimentar algo que agora entendemos que é completamente insano.

Em várias situações da nossa vida esses mecanismos irão se manifestar nos mantendo presos a situações que dizemos querer nos libertar: relacionamentos doentes, um emprego ruim, uma doença física, uma amizade que nos faz mal, hábitos nocivos, uma bagunça que não conseguimos organizar e etc.

Existe ainda a acomodação de estarmos em uma zona de conforto. Embora seja uma situação desagradável, é nossa conhecida e de alguma forma sabemos lidar com ela. Reclamamos da situação, mas ela nos é familiar e não nos causa medo. Sair da uma situação qualquer exigirá mudanças. O medo do desconhecido e a incerteza do que será depois nos ajuda a manter aprisionados. Mesmo quando temos certeza que a mudança será para melhor, ainda assim haverá sempre um medo nos prendendo.

Mudar para uma nova casa ou trocar de emprego pode trazer bastante desconforto. Conheço uma pessoa que se mudou para um apartamento bem melhor, em um bairro muito melhor do que o anterior e passou um mês chorando, se adaptando a nova moradia. Ela sempre reconheceu desde o início que o local novo era bem melhor que o antigo, e ainda assim sofreu bastante até se adaptar.

Enquanto o sofrimento estiver em um nível administrável, o ego encontrará maior facilidade em nos manipular para mantê-lo. Entretanto, com o acúmulo ou o aprofundamento de mais e mais sofrimento, chegará em um determinável limite que a dor terá atingido um nível insuportável. Nesse ponto estaremos muito mais propensos a tomar providências que irão nos libertar. Uns finalmente conseguem acabar o casamento, outros pedem demissão do emprego, se afastam de determinadas amizades.

Quando chegamos nesse ponto as desculpas e os medos que antes nos paralisavam perdem a força, ou simplesmente desaparecem. Vemos várias pessoas que resolvem fazer mudanças profundas em suas vidas depois que recebem um diagnóstico de uma doença grave. Aí todo aquele papo furado de que é difícil se exercitar, mudar a alimentação e trabalhar menos e se orgranizar acaba e a pessoa consegue fazer o que sempre soube que deveria. De repente tudo se encaixa e todas as providências são tomadas.

Embora o sofrimento intenso seja um grande potencializador da mudança, não precisamos esperar que algo drástico assim aconteça para resolver mudar. Observe a sua vida. Você precisa sofrer mais quanto tempo para mudar o que já sabe que deve ser mudado?
Beijos e muita LUZ

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