Às vezes, nos perguntamos por que é tão difícil ser transparente.
Costumamos
acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero e não enganar
os outros. No entanto, é muito mais do que isso.
É
ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que
sentimos. É desnudar a alma, deixar cair as máscaras e baixar as armas.
É
destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em levantar e
permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche e transborde.
Infelizmente,
quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos
a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam da profundeza do nosso ser.
Preferimos
nos perder na busca insensata por respostas imediatas a simplesmente
nos entregar diante de Deus e admitir que não sabemos todas as
respostas, que somos frágeis, que temos medo.
E vamos nos afogando mais e mais em atitudes, palavras e sentimentos que não condizem com o nosso verdadeiro eu.
Não
porque sejamos pessoas falsas, mas porque nos perdemos de nós mesmos e
já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso.
Com
o passar dos anos, um vazio escuro nos faz perceber que já não sabemos
oferecer e nem pedir aos que nos cercam o que de mais precioso temos a
compartilhar: a doçura, a compaixão e a compreensão.
Muitas
vezes sofremos e nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos
sozinhos, num silêncio que nos remete à saudade de nós mesmos.
Saudade daquilo que pulsa e grita dentro de nós e que não temos coragem de mostrar àqueles que nos querem bem e que nos amam.
Aprendemos
que nos mostrar com transparência é sinal de fraqueza, é ser menos do
que o outro. Na verdade, se agíssemos deixando que a nossa razão ouvisse
o nosso coração, poderíamos evitar muita dor.
* * *
Quando
formos surpreendidos pelo sofrimento de qualquer natureza, lembremos
primeiramente de Deus, Pai amoroso, que nunca desampara um filho Seu.
Fortaleçamo-nos na prece e na fé que conforta e acalma.
Ao
partilhar as dores com os nossos afetos, tenhamos a certeza que elas
serão abrandadas, pois dividir as angústias, medos e aflições, as torna
menores.
Quando
partilharmos as alegrias, estaremos fazendo felizes também aqueles a
quem estimamos, pois a alegria dos amigos é nossa também.
Expor a nossa fragilidade aos amigos e amores jamais será sinal de fraqueza.
Procuremos,
pois, de forma equilibrada, não prender tanto o choro, não conter a
demonstração da alegria, não esconder tanto o nosso medo e nossas
aflições. Enfim, abandonemos essa ideia de desejarmos parecer tão
invencíveis.Com carinho sincero sempre,
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